terça-feira, 19 de abril de 2016

Para minha irmã

Uberlândia, 13 de fevereiro de 2016.

Irmã, por onde andas? Sinto tanta falta de ti. Que vontade imensa de num único abraço trocarmos o todo necessário. Esse mundinho nosso anda tão tenso, de pernas pro ar. É como se a lama que varreu de morte o nosso rio, estivesse se espalhando entre nós.
Tenho medo de dizer isso pessoalmente e ferir teu espírito. Construístes teu santuário? Tenho certeza que sim e que gerastes belos frutos. Que bonita tua relação com a cria. Descobres no seu filho a ti mesma e ao próprio germe do mundo.
Dessa vez irmã, sigo sereno. Não te procuro, como tantas vezes fiz, para deitar  pranto em teu ombro. Em tantos ciclos de desespero, aprendi a meditar. Só me é ainda muito difícil achar o equilíbrio. Encontrastes o teu? A firmeza material e da palavra política aliada a eterna paciência e ao respeito fraterno?

Hoje irmã, sentei em roda com membros de uma tribo muita antiga. Não entedia o porque, mas ficamos por horas simplesmente calados. Todos usavam mascaras e eu fitava cada uma delas. Aterrorizado, em certo momento descobri que se tratava do nosso próprio povo.
Calmamente um a um retirou sua máscara e em mil anos contaram-me a história de suas vidas. Quanto tempo passei ali, calado, ouvindo aqueles relatos. Tenho certeza que você gostaria de estar lá. Hoje percebi algo que tu já compreendes. A história que contam por aí não é a história de nosso povo. Mas do que isso, o que aconteceria se todos nós soubéssemos a nossa verdadeira história? Um gigantesco urro irmã, um gigantesco urro.


Lembra daquela vez em que dançávamos em roda?

do seu maluquinho de sempre,

Te amo!

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